Óculos escuros
Olho para o céu
Há nuvens, há cinza
Vejo raios,
Ouço o som dos trovões
Nada disso me incomoda mais
Apenas representa minhas emoções.
Há abismos,
Fomos por eles separados.
Há precipícios,
Fomos por eles amedrontados.
Tenho medo de não te ter,
Tenho medo de tremer,
Tenho medo de entender,
Tenho medo de reconhecer,
Tenho medo de temer viver.
Sinto-me um pouco infeliz
Por mim, a satisfação passou por um triz.
Uso agora óculos escuros
Não vejo cores,
Não vejo flores,
Não sou capaz de ver beleza na lua
Nem sequer o outro lado da rua.
A razão?
Famílias divididas,
Atitudes egoístas,
Pessoas inimigas,
Talvez seja a explicação.
A realidade não me deixa sonhar
O silêncio aos meus gritos não dá lugar
Os soluços não me permitem cantar.
Meu sorriso é triste,
Seu encanto em qualquer canto se perdeu
E a esperança que ainda me restava,
Nos desencontros faleceu.
Há trevas
Preciso de luz.
Há maldade
Preciso mais do que a verdade.
Acho que preciso mesmo é de Sol.
Gosto de sentir o reflexo do Sol.
Com seu brilho tocando em minha pele
Despeço-me da escuridão
Dou lugar à canção.
Por um instante, posso retirar os óculos
E ver uma saída.
Logo chegará de novo a noite
Para tentar encobri-la.
Mas agora percebi a solução:
Entre Sol e Ar não pode haver separação
Pois da essência deles não se faz distinção
Preciso enxergar,
Preciso respirar,
Preciso de Sol e Ar.
Em meio a tanta crueldade
Sempre busquei a felicidade
E com isso descobri
Que não muda a minha realidade.
Não tenho armas para lutar,
No entanto, nunca deixarei
De no amor acreditar...
Beatriz
Moraes de Abreu
28/
Outubro/ 2007; 00h57min